Comércio mundial volta a perder força

agosto 31, 2010

Exportações caíram 0,3% em junho, em mais um sinal que a recuperação da economia global será mais lenta do que se imaginava no início do ano

O comércio mundial volta a perder força e as exportações internacionais sofrem uma nova contração, em mais um sinal de que a recuperação econômica será mais lenta do que muitos previam.

Dados divulgados pelo Escritório de Análise Econômica da Holanda apontam que as exportações sofreram uma queda de 0,3% em junho, ante uma expansão de 2,3% um mês antes. Os dados da organização são usados por instituições como o FMI e a União Europeia para basear suas previsões.

O comércio já havia sido uma das primeiras vítimas da crise financeira iniciada há dois anos. Os fluxos de exportação e importação em 2009 acabaram registrando o pior desempenho em 70 anos, com uma contração de 12,2%.

Para 2010, a Organização Mundial do Comércio (OMC) previa uma recuperação das exportações e chegou a rever para cima suas estimativas. A última projeção é de uma alta de pelo menos 10% no comércio neste ano.

Mas, diante do resultado do mês de junho, a recuperação pode ter sido freada. No primeiro trimestre de 2010, a alta havia sido de 5,7%, depois de uma expansão de 6,1% nos últimos três meses de 2009. Já no segundo trimestre do ano, a expansão foi de apenas 3,6%.

Os dados reforçam as indicações do Federal Reserve Bank (Fed, banco central dos EUA) e do governo chinês de que o ritmo de recuperação de suas economias têm sido menor.

Economias ricas. Nas economias ricas, a exportações aumentaram em apenas 0,6% em junho, ante 2,2% em maio. Nos Estados Unidos, as vendas sofreram uma contração de 1,5% e, no Japão, a queda chegou a 1,8%. Ambos haviam registrado crescimentos em maio deste ano em suas exportações.

Entre os países ricos, a queda apenas não foi generalizada graças ao desempenho da Alemanha. As exportações da maior economia do continente permitiram que a União Europeia registrasse uma aceleração de suas vendas, passando de 2,2% em maio para 3,5% em junho.

O freio nas exportações afetou de forma pronunciada os países emergentes, muitos deles dependentes das vendas para os mercados dos EUA e China. Em junho, a queda das exportações foi de 1,1%, contra uma expansão de 3,2% em maio.

Todas as regiões emergentes sofreram quedas. Na Ásia, a redução do dinamismo chinês fez com que os países da região registrassem uma queda de 1,2% nas vendas. Na América Latina, o bom desempenho do início do ano foi revertido. Depois de crescer 1% em abril e 0,5% em maio, a região registrou uma queda de 0,7% em junho.

Já as importações da América Latina seguiram o caminho inverso. Depois de cair em 2% em maio, tiveram alta de 2,8% em junho. Com uma expansão superior a dos países ricos e crescimento do consumo interno, os países em desenvolvimento têm registrado uma alta nas compras externas, o que estaria contribuindo ainda para um aprofundamento dos desequilíbrios nas balanças comerciais.

Tendência invertida
0,3%
Foi quanto caíram as exportações na Holanda em junho, ante uma expansão de 2,3% em maio, segundo dados do Escritório de Análise Econômica do país

12,2%
Foi a contração dos fluxos de exportação e importação no comércio mundial em 2009, o pior desempenho em 70 anos.
Fonte: O Estado de São Paulo


Brasil e China: a ascensão econômica

agosto 31, 2010

Manuel Cambeses Júnior – Coronel Aviador

Sociedade Aberta

Notícias veiculadas pela mídia internacional, na segunda quinzena de agosto, confirmaram o que já se suspeitava: a China superou o Japão em termos de PIB nominal e, consequentemente, converteu-se na segunda economia mundial. De sua parte, o Brasil, o gigante sul-americano, desbancou a Espanha do oitavo lugar que ocupava na lista das nações mais ricas do globo.

Certamente, isto não causou grande surpresa entre os analistas internacionais, haja vista que os dragões orientais e o portentoso país tropical consolidaram e potencializaram seus crescimentos de forma veemente, ativa e fecunda, enquanto as tradicionais potências econômicas mundiais se mantêm mergulhadas em preocupante crise, algumas tendendo para uma fase aguda e galopante Isso evidencia claramente o bom e próspero momento que vivem os dois países emergentes: China e Brasil.

A privilegiada posição alcançada pela China, superada apenas pelos Estados Unidos, é uma conquista de 30 anos de dinamismo de um estranho mix entre o duro regime comunista chinês associado a um permissivo liberalismo comercial, contrastando com os profundos problemas que afligem a economia nipônica. Os ritmos do “velho dragão chinês” são simplesmente impressionantes: há cinco anos sua economia era a metade da japonesa e, hoje, atingiu o patamar de maior exportador global, maior consumidor de energia e, o que é fantástico, a que conseguiu tirar o maior número de pessoas da extrema pobreza.

A China tem sido escrava de sua demografia. Ao dividir o seu portentoso PIB entre o número de habitantes, atinge níveis ir risórios, semelhantes ao de alguns países da África Subsahariana e da América Central. Entretanto, isto faculta aos dirigentes do Partido Comunista chinês tirar proveito dessa situação, utilizando o discurso de “nação subdesenvolvida” para não assumir compromissos próprios das grandes economias, como, por exemplo, no que concerne à redução do nível emissões contaminantes do planeta.

O envelhecimento de sua população, a escassez de mão de obra jovem e o baixo nível de consumo doméstico impõem limites para que o vigoroso deslanchar da economia chinesa mantenha o crescimento de dois dígitos, que tem registrado até o presente momento. Tudo isto sem incluir as profundas diferenças entre as regiões ricas e industrializadas e o interior ocidental pobre e rural, ademais do crescente dano ambiental.

Em contrapartida, contar com uma classe média chinesa dede pessoas – ou seja, do tamanho da população estadunidense –, sem voz ativa nem voto, gera, como corolário, no campo político, fortes pressões ao sistema comunista vigente, através de protestos e dissidências.

No que tange à política externa, transformar-se na segunda economia do planeta consequentemente incrementará a exigência internacional para que a China exerça um papel de ator mais ativo e protagônico nos assuntos internacionais, principalmente na abordagem do tema direitos humanos.

Em nível regional, o Brasil vem confirmando, gradualmente, sua condição de potência em desenvolvimento e país emergente.

Com uma economia bastante diversificada em indústrias e exportações, desde commodities até aeronaves, passando pela agricultura, ademais de um sólido consumo interno, o portentoso país sul-americano parece não ter sentido a crise, e estima-se que crescerá este ano no entorno de 8%.

As multinacionais existentes no Brasil estão se expandindo a outros países, enquanto que a inversão estrangeira no país aumenta consideravelmente. Estimase que firmas chinesas investirão 12 bilhões de dólares na economia brasileira.

Indubitavelmente, este protagonismo vivenciado pelas economias globais, exigirá um drástico reordenamento geopolítico, em nível mundial. Nesse processo, Brasil e China têm muito a colaborar servindo de paradigma às economias ditas de primeiro mundo.
Fonte: Jornal do Brasil


Miguel Jorge nega processo de desindustrialização no Brasil

agosto 31, 2010

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, negou nesta terça-feira (31) que haja risco de desindustrialização no país. Após participar do 5º Encontro do Comitê Econômico de Comércio Conjunto entre Brasil e Reino Unido, o ministro disse que não há indícios de que esteja ocorrendo um processo de redução da capacidade industrial no Brasil e criticou o incentivo dado por alguns governos estaduais às importações.

“Há algumas deformações causadas por excesso de importações em alguns setores e em alguns estados, porque alguns estados estão fazendo uma política que eu chamo de política de aberração de incentivar as importações”, disse o ministro.

Segundo Miguel Jorge, esse incentivo ocorre, algumas vezes, por meio do programa Pró Emprego. “Essas importações estão se dando exatamente por causa dessas facilidades exageradas e paradoxais porque, nesses estados, por exemplo, esse programa de importação incentivada é feito sob o mando do Pró Emprego”, criticou. Para Miguel Jorge, apesar do nome, o programa não estaria criando vagas de trabalho no país. “Só se for Pró Emprego no exterior”, ironizou.

De acordo com o ministro, apesar do crescimento do país ainda ser maior que a capacidade de produção, a maior parte das importações brasileiras está se dando nas áreas de insumos, máquinas e equipamentos, o que significa que o Brasil está se modernizando, “o que é um bom sinal para o país”.

Nesta segunda-feira (30), em São Paulo, o ministro da Fazenda Guido Mantega também negou haver qualquer risco de desindustrialização. Mantega admitiu que, durante a crise, houve um encolhimento do mercado de manufaturados em todo o mundo e o Brasil também sentiu o impacto.

“Mesmo assim, eu não falaria num processo de desindustrialização, já que o nível de investimento da indústria vem crescendo e nosso mercado interno garante que a produção industrial vai continuar crescendo nos próximos anos”, afirmou.

Fonte: Jornal do Comércio


Mercosul está otimista com comércio entre países

agosto 31, 2010

O comércio bilateral do Brasil com os países do Mercosul deve ultrapassar o recorde de 2008, de US$ 36 bilhões, e bater na casa dos US$ 40 bilhões até o final de 2010. A previsão otimista é do secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC), Ivan Ramalho, que abriu, na manhã desta terça-feira (31), em Porto Alegre, a segunda edição do Encomex Mercosul. Conforme o secretário, o principal motivo dessa perspectiva tão positiva é o fato de o primeiro semestre de 2010 ter apresentado crescimento de mais de 40% sobre as exportações do ano passado, muito prejudicadas pela crise econômica. “Tudo indica que o segundo semestre terá o mesmo desempenho ou maior”, insistiu Ramalho.

O vice-ministro de Relações Exteriores do Uruguai, embaixador Roberto Conde, o secretário de Indústria, Comércio e Pequenas e Médias Empresas do Ministério da Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi, e o coordenador nacional do Paraguai do Grupo de Integração Produtiva do Mercosul, ministro Juan Livieres, demostraram em seus pronunciamentos que estão trabalhando para o desenvolvimento do bloco econômico no sentido de efetivar também a integração de cadeias produtivas. “Se for possível a integração de produção, o bloco todo ganha competitividade para suas relações comerciais com outras regiões importantes, como a União Europeia”, disse Conde. No mesmo sentido, “entendemos que é muito importante fortalecer o Mercosul e os esforços para isso são demonstrados em eventos como este”, comentou Bianchi, da Argentina.

Entre as informações relevantes para os exportadores, o vice-presidente de negócios internacionais e atacado do Banco do Brasil, Allan Toledo, revelou que, no primeiro semestre de 2010, os financiamentos para exportações ultrapassaram US$ 15 bilhões. “Isso significa que nenhum exportador deixou de realizar negócios por falta de recursos. O Banco do Brasil possui 30% de market share de mercado nessa área”, observou Toledo.

O Encomex Mercosul 2010, iniciado nesta terça-feira, que ocorre em dois dias no Centro de Eventos Fiergs, é um evento liderado pelo MDIC em conjunto com os ministérios das Relações Exteriores (MRE) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e com a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI/PR), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS).

Para o presidente da FIERGS, Paulo Tigre, o Encomex é um fórum para o debate de várias questões relevantes ao Comércio Exterior. Entre elas, a necessidade de aprofundar a avaliação sobre as consequências do programa conhecido como “Duty Free Quota Free”, da Organização Mundial do Comércio. “O mecanismo aparentemente serviria de ajuda aos países pobres, mas pode ser utilizado como triangulação na venda de produtos de origens diversas, distorcendo seus objetivos. No Rio Grande do Sul, já foram detectadas importações predatórias de calçados da China, Malásia e Indonésia”, alertou Tigre. O Encomex Mercosul 2010 encerra na quarta-feira, dia 1º de setembro.

O evento conta com patrocínio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) e do Banco do Brasil
Fonte: Jornal do Comercio


Fiesp alerta para risco de desindustrialização

agosto 31, 2010

Mantega reconhece redução de exportação de manufaturados, mas rejeita hipótese

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Benjamin Steinbruch, disse ontem que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve o mérito de trazer para o consumo 55 milhões de novos consumidores, mas ressaltou que, em função de a economia não estar bem “lá fora”, a questão dos importados se torna um risco iminente para a política econômica adotada. Steinbruch participou do 7º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.

O presidente da Fiesp se referiu às turbulências internacionais como uma “crise serrote”, devido à “inconstância”, ao “sobe e desce lá de fora”. O executivo disse que seus comentários não são uma crítica ao governo, mas um apoio, e se referiu ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também participa do evento, como “sempre próximo”.

“Desenvolvemos um modelo brasileiro que, eventualmente, pode ser replicado em outros países: salário com mais renda e mais crédito, que se tornam mais consumo. Acho que nunca estivemos tão bem. É a primeira vez, nos 40 anos em que trabalho, que vejo o Brasil crescer voltado para dentro”, disse o presidente da Fiesp.

Na avaliação de Steinbruch, os riscos desse modelo são a moeda valorizada, “que vai nos custar caro em algum momento”, juros elevados, que fizeram com que muitos empregos deixassem de ser criados, e “gastos públicos descontrolados”. “Estamos vivendo mais um modelo de desindustrialização que de industrialização”, afirmou, destacando o déficit na balança comercial de manufaturados. “Combustíveis, grãos e minério de ferro mascaram o resultado da balança”, afirmou.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participava do mesmo evento rebateu avaliações de que há um processo de desindustrialização em curso no País. “Não vejo processo de desindustrialização”, disse Mantega.

“Claro que, com a crise de 2008, houve uma redução das exportações de manufaturados, mas eu não chamo isso de desindustrialização”, afirmou, acrescentando que a produção industrial deve fechar o ano com crescimento expressivo ante 2009. “E vamos continuar crescendo. É claro que alguma indústria trabalha com componentes externos, mas o presidente da Fiesp (também presidente da CSN) trabalha com a siderurgia, que perdeu espaço lá fora, mas está vendendo mais para construção civil no mercado interno. Garanto que não haverá desindustrialização”, disse o ministro.

Mantega acrescentou que, em países mais desenvolvidos, é normal que o setor de serviços cresça mais e que a indústria e a agricultura cresçam menos. “No Brasil, a agricultura pesa menos no PIB e nem por isso podemos dizer que o setor cresce menos, porque temos uma agricultura das mais dinâmicas do mundo”, disse o ministro.

Fonte: Jornal do Comércio